Por Sandra Monteiro, da Redação
No final do século XIX, em um Brasil ainda marcado por tradições conservadoras e uma estrutura social profundamente patriarcal, uma mulher ousou desafiar as normas e lutar por um futuro mais igualitário. Leolinda de Figueiredo Daltro, professora, ativista e uma das primeiras feministas do país, dedicou sua vida à educação e à defesa dos direitos das mulheres, deixando um legado que ecoa até os dias atuais.
Nascida em 1859 na Bahia, Leolinda Daltro destacou-se desde cedo por sua determinação e visão progressista. Formou-se professora e, ainda jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do país, onde começou a atuar como educadora. Sua paixão pela educação a levou a fundar, em 1901, o Instituto Paraense de Educandos Artífices, uma escola voltada para a formação profissional de jovens carentes. No entanto, foi na luta pelos direitos políticos das mulheres que Leolinda deixou sua marca mais significativa.
Em 1910, Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino, uma iniciativa pioneira que buscava garantir o direito ao voto e à participação política das mulheres. Na época, a ideia de mulheres envolvidas na política era vista com desdém e até mesmo ridicularizada pela sociedade. Mas Leolinda não se intimidou. Organizou comícios, escreveu artigos e mobilizou outras mulheres para exigir o reconhecimento de seus direitos como cidadãs. Sua atuação foi tão incisiva que ela chegou a ser presa durante um protesto, fato que reforçou sua determinação.
Além de sua luta pelo sufrágio feminino, Leolinda Daltro também foi uma defensora ferrenha da educação como ferramenta de transformação social. Acreditava que somente por meio do conhecimento as mulheres poderiam conquistar sua independência e ocupar espaços de poder. Sua visão à frente de seu tempo inspirou outras mulheres a seguir seus passos, como Bertha Lutz, que mais tarde se tornaria uma das líderes do movimento sufragista no Brasil.
Apesar de suas contribuições, Leolinda Daltro não viu o fruto de seu trabalho em vida. O direito ao voto feminino só foi conquistado em 1932, quase duas décadas após sua morte, em 1935. No entanto, sua coragem e persistência abriram caminho para as gerações seguintes, mostrando que a luta por igualdade é possível, mesmo em face das adversidades.
Hoje, Leolinda Daltro é lembrada como uma das grandes pioneiras do feminismo no Brasil. Sua história nos inspira a continuar lutando por um mundo onde todas as vozes sejam ouvidas e onde a igualdade de gênero seja uma realidade, não somente um ideal. Em um país que ainda enfrenta desafios significativos nessa área, o legado de Leolinda serve como um lembrete poderoso de que a mudança começa com a coragem de uma única pessoa disposta a desafiar o status quo.
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