Da Redação
A presença das mulheres na política tem se tornado mais expressiva, fruto de décadas de lutas por igualdade e justiça social. Apesar dos avanços, ainda enfrentam barreiras como o machismo estrutural, a sub-representação nos espaços de poder e o peso da violência política de gênero. Movimentos como #MeToo, #EleNão e a Marcha das Margaridas têm sido fundamentais para impulsionar mudanças significativas, criando uma nova consciência coletiva sobre o papel das mulheres na política e sua capacidade de liderar transformações estruturais. Esses movimentos transcenderam seus contextos iniciais, tornando-se símbolos de resistência, empoderamento e mobilização.
O movimento #MeToo, que teve início em 2006, ganhou força mundial em 2017 após denúncias de abuso sexual envolvendo figuras poderosas em Hollywood. Contudo, seu impacto foi muito além do setor cultural. Ele escancarou uma realidade compartilhada por mulheres de diferentes classes sociais, culturas e profissões, tornando o assédio e a violência sexual temas centrais de debates públicos e políticos. No campo político, o #MeToo não só deu voz a denúncias de abusos cometidos em gabinetes e campanhas, como também ampliou a pressão por leis mais severas e políticas públicas que protejam as mulheres. Sua mensagem – de que o silêncio não é mais uma opção – inspirou muitas mulheres a se candidatarem a cargos públicos e a se posicionarem de forma assertiva em defesa dos direitos femininos.
No Brasil, o movimento #EleNão, surgido em 2018, revelou a força da mobilização feminina em um contexto de polarização política. Organizado em grande parte pelas redes sociais e protagonizado por mulheres de diferentes espectros ideológicos, ele se posicionou contra discursos que reforçavam o machismo, a intolerância e a violência. Além de expressar repúdio a determinadas posturas políticas, o movimento serviu como um chamado para que mais mulheres ocupassem espaços de poder, promovendo uma conscientização sobre a importância de se eleger representantes que defendam pautas igualitárias e progressistas. Essa mobilização uniu mulheres de diversas áreas e reforçou que a luta pela igualdade de gênero não se limita ao campo social, mas é também uma questão política urgente.
Outro marco importante é a Marcha das Margaridas, que, desde 2000, reúne milhares de mulheres do campo, da floresta e das águas em Brasília para reivindicar direitos sociais, econômicos, políticos e ambientais. Inspirada na luta de Margarida Maria Alves, uma líder sindical assassinada em 1983, a marcha é um símbolo da resistência feminina e da força coletiva das mulheres que vivem em zonas rurais, muitas vezes invisibilizadas nos debates públicos. Suas pautas vão desde a luta por igualdade salarial e direitos trabalhistas até o combate à violência doméstica e à preservação ambiental. A Marcha das Margaridas não apenas pressiona governos, mas também cria redes de solidariedade entre mulheres, fortalecendo sua participação política em todas as esferas.
Esses movimentos mostram que a ascensão das mulheres na política é alimentada por uma força coletiva que transcende barreiras geográficas e culturais. Eles têm conseguido mobilizar milhões de pessoas, transformar indignação em ação e trazer para o centro do debate público questões que, por muito tempo, foram negligenciadas. Cada vez mais, as mulheres compreendem que seu lugar na política é essencial para moldar sociedades que reflitam suas demandas e perspectivas.
No entanto, essa jornada está longe de ser fácil. As mulheres enfrentam resistência, ataques e até violência por desafiar as estruturas de poder. O caminho, apesar de árduo, tem sido trilhado com coragem e determinação, mostrando que a luta pela igualdade de gênero é uma luta de todas e todos. Os movimentos como #MeToo, #EleNão e a Marcha das Margaridas continuam a ser faróis que iluminam as possibilidades de um futuro mais inclusivo, onde as mulheres não apenas ocupem seus lugares na política, mas também transformem o modo como o poder é exercido.
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