Oi gente antenada! Senta que lá vem história! Hoje vamos falar de etarismo.
Sabe o que é? O bom e velho preconceito de idade.
Numa sociedade que cresce cada vez mais imediatista, envelhecer é quase um desafio.
Principalmente em se tratando da mulher, que sofre mais esse preconceito, não só no mercado de trabalho, onde as oportunidades, já escassas, se tornam menores se seu RG mostra que já passou dos 50.
Os cabelos grisalhos no homem são atraentes, na mulher desleixo. É preciso que eles acompanhem uma elegância inata, uma make bem feita, um corte impecável para ser “estiloso”.
A barriga de chopp masculina, é no mínimo aceitável, na mulher, desleixo. Relacionamento com homem mais velho e mulher muito mais nova ainda é visto como status masculino, orgulho da machadada em “dar conta” da novinha, seja na cama ou na carteira. A mulher? Fica cada vez mais invisível aos homens da sua faixa etária e muitas vezes mais atraente aos “novinhos” seja pela bolsa ou pela experiência, com o benefício de não ter mais que procriar. Paraíso para quem não pretende assumir responsabilidade familiar.
Sexo? Mas você já tem sessenta/setenta, ainda faz?
Não! Quando completamos 50 desligamos o botão da libido, trancamos as pernas e esquecemos até como beijar na boca.
Aquilo que deveria ser valorizado como maturidade emocional e financeira, vira motivo de ansiedade, depressão e baixa estima. E não adianta dizer que estou exagerando, que hoje não é assim mais, mimimi pra cá, mimimi pra lá, porque o discurso é bonito nas plataformas, nos textos de auto motivação das redes sociais, geralmente defendidos por militantes, ou mulheres num patamar sócio-financeiro-cultural mais elevado. No dia a dia da mulher comum, a realidade é essa. Nos sentimos cada vez mais invisíveis.
Mas e aí? O que fazer pra combater esse etarismo sufocante? A mudança na sociedade é lenta. Temos que continuar a educar a população para que em alguns anos uma mulher de cinquenta, sessenta, setenta não seja a velha, a idosa, a tiazinha do zap. Seja só mulher! E educar como? Concientizando primeiro a nós mesmas, que já passamos dos 50 e temos ainda muito gás pra viver e valorizando as “manas” que estão no mesmo barco. As empresárias empregando mais mulheres de +50, mulheres elogiando mulheres, mulheres se assumindo como são sem buscarem um padrão.
Aliás padrão parece ser a onda do momento. Todo mundo ficando com a mesma cara de bonecos de plástico, numa tentativa de harmonizar traços e não envelhecer.
Acho ótimo quando digo que tenho 60 e dizem que não pareço, mas acho desnecessário.
Porque pra parecer ter a idade que tenho eu tinha que ter cabelos brancos, rugas um olhar amargurado? Bolas!
Quando tinha 54 anos, fiz umas fotos que mostravam sensualidade, algumas curvas e o seio, mas num contexto elegante, representando as deusas das águas. Ouvi que eu era muito corajosa. Co-ra-jo-sa?
Corajosa é a professora que morreu tentando salvar os alunos pequenos num incêndio, fato ocorrido na época. Eu não fui corajosa. Não era um book sensual para um site pornô de velhotas. Não era um “Only fãs”. Era um trabalho artístico que mostrava o corpo normal – até obeso -, de uma mulher com mais de 50, com seios que amentaram seus dois filhos e mais uma renca de filhos de leite (bons tempos, sem o fantasma das doenças como hepatite C e HIV), um ventre que gerou dois seres incríveis, representando as grandes mães das águas, da criação.
Só! Nada mais que isso. A lascívia dos homens, a indignação (ou seria inveja?) das mulheres, o julgamento de muitos, não estavam na minha bagagem e não sou responsável por eles.
Vou parar por aqui porque tenho muita história pra contar sobre como ligar um F..a-se para as restrições da idade e daria um livro.
Etarismo? Meu filho, você tem muito trabalho comigo